sábado, dezembro 09, 2006

Crónica do Demencial: Programas de Intercâmbio Jovem.

Toda a gente já ouviu falar dos programas de intercâmbio estudantil Erasmus e Leonardo Da Vinci.

Para a maior parte das pessoas trata-se de um intercâmbio cultural de estudantes do ensino superior, onde a troca de experiências de ensino numa cultura diferente da de origem enriquece o currículo pessoal e enaltece os valores humanistas e a amizade entre as diferentes nações, para além de proporcionar uma diferente experiência de vida no contexto europeu actual.

Mas para quem frequenta esses programas de intercâmbio, a motivação é bem mais simples: dar o maior número de quecas possível.

Quem está nesse meio, saberá que uma das maiores vantagens de estudar no estrangeiro é o interesse que o aluno(a) de intercâmbio suscita no grupo estudantil onde é inserido. A ânsia de conhecimento, bem ao estilo do seu objectivo oficial, faz com que se queira aprofundar ao máximo a compreensão da cultura que o recebe com bem mais do que braços abertos.

Tudo começa com o acto de trabalhar os progenitores para a possível emigração temporária como se estivesse a trabalhar numa lesão; o que pode demorar meses. Seguidamente o aluno inscreve-se para Paris, Londres ou Milão. Calha-lhe uma cidade na Polónia que nem ele consegue pronunciar. Ao saber da excitante notícia, o aluno decide dar o primeiro e talvez o único passo onde revela interesse cultural. Vai ao google earth e pesquisa a localização daquela cidade satélite de Cracóvia, mas não encontra nada. Não desistindo procura em todas as lojas de artigos para turista (livros, redes mosquiteiras, caquis, e outras extravagancias), finalmente, e já com o avião prestes a levantar voo, encontra aquele mapa X.P.T.O da Polónia, mas como não podia deixar de ser está em Polaco!

Chegado ao aeroporto polaco, é recebido por um indivíduo que anteriormente participou no Programa Eramus entre outros. Supostamente ele é o avaliador do intercâmbio, mas no entanto só se voltarão a reencontrar na volta para Portugal, pois o mesmo não lhe prestará qualquer serviço útil durante a sua estada (como indicar os melhores sítios para engatar gajas por exemplo); não é bem assim, leva-o para uma residência estudantil dos tempos da ex-URSS, onde, se tiver sorte arranja um quarto com um aquecedor.

A vida do português não é fácil! No alojamento demora um dia para meter conversa com os colegas que vêm de outros destinos e que têm mais dinheiro do que ele; quanto ás raparigas, devido a sua compleição atlética, o luso ainda tem algum receio de apalpar o terreno. O tamanho deixa-o pouco à vontade e até assusta, habituado que está às portuguesas, sempre introvertidas e pequenas como sardinhas. Nas aulas o seu inglês aos encontrões permite-lhe apenas travar conhecimento com o totó da turma. Uma semana depois desiste das aulas e parte para os bares da cidade mais frequentados por miúdas. É verdade que tinha uma namorada em Portugal, mas como era uma chata, preferiu dar de frosques em busca de experiências sexuais no campo oral e rectal sem ter de se preocupar com as idas ao fim de semana à casa dos pais da menina.

A época de caça dura seis meses, que é o tempo que dura o programa…

Não sabemos ao certo quando come a primeira camone, embora ali o camone seja ele. Talvez entre a décima quinta e a décima sétima cerveja.
Vivem felizes até ao raiar do dia, ou até à próxima rodada, e às vezes junta-se-lhes uma ou outra amiga. Tudo isto graças a um enorme investimento com as tácticas de engate de Zézé Camarinha.

Quem diria que realmente funcionariam.

Quando o programa acaba, o português volta mais experiente para a orgulhosa Universidade que o viu partir, volta para a família que lhe colocou uma vela no santuário local para o ajudar naquela sua caminhada árdua num sítio desconhecido e por fim, o nosso “Manuel” sabe que ao voltar vai ter de reconquistar a sua pequena sardinha muito subtilmente de modo a ter sexo às escuras, correndo o risco de , repetir o mesmo acto na mesma posição 12 vezes por ano!

Que saudades da Polónia!

No entanto se uma estrangeira do Leste, por exemplo da República Checa (porquê República Checa?! São umas debochadas querem logo saber como se diz "foder" em português!!!) se fizer à estrada e vier para Portugal, vamos ter festarola logo nas primeiras horas! O primeiro a fazer-se ao bife é o anfitrião que a recebe na cidade. Ele terá o direito à primeira tentativa de provar o pêssego e com o seu charme de guia turístico, provavelmente conseguirá.

Em primeiro lugar e ao contrário do que sucedeu com o português na Polónia, tem logo a camaradagem de 5 colegas dispostos a tudo para que se sinta mais do que em casa; e se for em casa dela ainda melhor. Surgem propostas para realizar explicações linguísticas, ajudas nos trabalhos de casa, conhecer a cidade, etc...

Agora multipliquem isso por seis meses e pensem seriamente participar no programa.

Talvez por causa do calor ou por causa dos efeitos da queda do Comunismo, as alunas do Erasmus desenvolveram uma aptidão voraz por conhecer aprofundadamente tudo sobre as diferentes culturas da União Europeia (sobretudo do sul da Europa) e apresentam-se no aeroporto com um postal cheio de palmeiras e muito sorridentes.

É uma experiência única de intercâmbio cultural que aconselhamos vivamente aos alunos universitários e que não se irão arrepender, mesmo sabendo que, na devida altura a deixámos escapar.

Agora como bónus apresentamos aquelas que achamos que são as doze regras essenciais para ter sucesso aquando de um intercâmbio (o grau de sucesso dependerá do seu objectivo; estudar ou "aprofundar" a cultura).

12 Regras Básicas para ter sucesso do Programa Erasmus

1. Um mau domínio do inglês é sempre uma boa arma;
2. Uma apresentação sorridente é sempre um bom ponto de partida;
3. Veja sempre com bons olhos uma nova experiência;
4. Avalie sempre situações de recurso;
5. Nas aulas mesmo quando percebeu a matéria peça explicações a um(a) colega;
6. Uns copitos nunca fizeram mal a ninguém;
7. Raparigas de mãos dadas não são necessariamente lésbicas, e até poderão alinhar numa ménage;
8. Ande sempre com uma caixa de preservativos na mochila;
9. São só seis meses, terá que voltar para casa por isso atitudes sérias não são opção;
10. Faça o teste das DST antes e depois do intercâmbio;
11. Convém pelo menos ir a uma aula;
12. A máquina fotográfica é a nossa melhor amiga;

P.S.: Se houver algum imprevisto nove meses depois, lembre-se de que estavam mais 20 pessoas na festa e que poderá sempre culpar alguém, fique de consciência tranquila.

Searaman & Blinkboy (09.12.06)