terça-feira, novembro 20, 2007

Crónica do Demencial: Outdoors, ou "aqueles" Outdoors?


Esta crónica presta serviço público. O que dissermos daqui em diante é para ser seguido na íntegra, para o bem geral, e para o seu bem estar.

Se é automobilista (há outro termo, condutor, mas achamos que é uma desconsideração para a classe, pois associamos a palavra condutor a um indivíduo que conduz carroças e chaterres, algo em extinção) decerto que vai adorar as considerações que aqui tecemos.

- Outdoors pela estrada fora; o que terão? Se envolve anúncios vou gostar, eu até já comprei os bilhetes para ver as próximas 24 horas de anúncios, pois é a maneira mais dissimulada e real de levar a minha mulher a ver “pornografia”! Pensa um dos leitores.

- Ena que fixe! - Porreiro pá! Pensam 172 leitores, ou 211.

Mas atenção! Se for brincar aos crash test dummies e bater com o carro mais tarde, não nos venha pedir satisfações. Não somos a sua seguradora e a Marta não quis nada connosco!

Toda a gente já reparou nos Outdoors com publicidade quando anda na rua. Agora o que pensa um automobilista é outra coisa. Existem dois tipos de outdoors e dois tipos de reacções. Em primeiro lugar, se um Outdoor fizer a mais recente promoção aos saldos no centro comercial x ou y, ou da seguradora k ou z, o transito em regra geral flui. No caso de um engarrafamento, esses Outodoors podem propiciar grandes tomadas de decisão; por exemplo no crédito por telefone ou na compra de mais um mono para casa – Uma misturadora vinha mesmo a calhar, querida, o que achas? Até tá barato. - No entanto também poderá ser um aborrecimento torpe se não estamos em tempo de vacas gordas e aquela publicidade ao último perfume da Cimarron , que é muito caro, vai-nos irritar por não podermos comprar tal fragrância para dar à namorada, amante e até quem sabe, à esposa.

Isto é o que acontece na publicidade de cariz “institucional”. As de outro tipo - as que são realmente institucionais - não falaremos de momento. Vamos dar uma volta de 180 graus. Mais há frente vão perceber a ideia*.

No segundo tipo de Outdoors. O que pensa um automobilista que a alta velocidade dá de caras com a última publicidade de uma marca de lingerie, cosmética, refrigerante ou cerveja, onde uma beldade estonteante de fazer água na boca seminua apresenta o último grito de um produto que vamos esquecer (pois ela é que é o último grito, e não a vamos esquecer tão cedo, pois as fantasias aumentam e de noite é complicado dormir quando olhamos para o lado, depois de a vermos na televisão mais uma vez)?

Ora, meus caros, um automobilista quando dá de caras com uma situação destas não pensa, cola-se à imagem e estampa-se!

É verdade, e temos exemplos práticos! Existem registos de situações que remontam a 1998. É incrível como a nossa memória é selectiva!

No grande ano de 1998 - ano da Expo 98 - qualquer condutor que entrasse em Lisboa vindo da A1 sentido Norte - Sul deparava-se com um enorme Outdoor de uma marca de lingerie (cremos ser Triumph, mas lá está! Isso não é importante) que dizia “Não é só na Expo que encontra coisas bonitas”. Isto provocou acidentes de trânsito. Mas não por culpa do lema em si, pois o Outdoor era mesmo bom. Longas vivas à Isabel Figueira e ás suas voluptuosidades!

No primeiro trimestre de 2007 também no mesmo local (já um marco), uma nova publicidade com a modelo Cláudia Vieira, protagonizou um novo surto de acidentes nos grandes acessos à capital e posteriormente, Cláudia Vieira volta a atacar na colecção de Inverno, com novos Outdoors que pululam pelo país para gáudio de automobilistas, bate-chapas e seguradoras!

Recordamos com saudade, no último natal em 2006, de uma fantástica publicidade da marca Intimissimi onde uma moçoila loira mostrava os seus atributos naturais esplendorosamente. Uma bela publicidade de tons rosa que, para além de dar nas vistas, era um convite à sensualidade.

Mas não podemos deixar de esquecer Soraia Chaves (a nossa musa) que apareceu na campanha publicitária de uma rede de televisão por cabo, dando com o seu ar lânguido (e um exemplar decote) um fornecimento de novos atributos ao pecado. “Crime é não ter…” Quem é que se pode esquecer!?

Se por um lado adoramos as campanhas e os efeitos colaterais que provocam, também pensamos que amanhã podemos ter surpresas desagradáveis no rodinhas, e recordando a velha máxima latina “Hoje eu, amanhã tu”, tememos a ira divina.

É por isso que sugerimos à Prevenção Rodoviária Portuguesa uma campanha inovadora, sem recorrer ao banimento dos anúncios a lingerie; a instituição que vela pelo civismo nas estradas deve implementar cartazes inovadores para diminuir o número de sinistros. Algo que nos devolva a atenção ao que vamos a fazer em vez de olhar para Outdoors.

A colocação destes cartazes diminuiria em 50% o número de acidentes nas grandes estradas nacionais. A título de exemplo sugerimos a colocação de dois cartazes com o Cláudio Ramos substituindo um da Cláudia Vieira.

Apresentamos então, para além do Cláudio Ramos, o que achamos ser os outros candidatos e os seus slogans ideais:

Manuel João Vieira (Éna Pá 2000)

Por cada licor Beirão que beber vê a Soraia Chaves a dobrar.
E hoje já tomou o seu acti- beirão?
(Um conselho da Prevenção Rodoviária Portuguesa)

Paulo Portas (Pres. CDS-PP)

Tenha cuidado, não faça como eu. Este tipo de branqueamento de dentes pode causar encandeamento!
Ao volante, masturbação com o olhar é genocídio!
(Um conselho da Prevenção Rodoviária Portuguesa)

José Castelo Branco (Socialite Bicha)

Ahhhhhhhhh Ohhhhhhhhh, Queridinho tenha civiiiiismo!
Não deixe o fio dental muito apertado, provoca acidentes!
(Um conselho da Prevenção Rodoviário Portuguesa)

Lili Caneças (Socialite)

Estar vivo é o contrário de estar morto. Não pode conduzir morto.
Certifique-se que tem o silicone e o botox bem colocado antes de conduzir o seu automóvel.
(Um conselho da Prevenção Rodoviária Portuguesa)

Cláudio Ramos (Socialite)

Mantenha sempre o seu carro impecável para dar a perceber melhor o seu estatuto social e orientação sexual às autoridades policiais.
Depois do seu divórcio compre um Smart.
(Um conselho da Prevenção Rodoviária Portuguesa)

Cartaz do PNR (Partido Nacional Renovador)

Portugueses: Basta de Lingerie!
Pêras ao poder. Verdadeiros Portugueses e Portuguesas só usam cuecas brancas.
(Um conselho da Prevenção Rodoviária Portuguesa)

Manuela Ferreira Leite (PPD – PSD)

Amanhã farei uma declaração sobre o aumento do preço dos combustíveis, leite, pão, arroz…
Entretanto, ande de transportes públicos e não ligue aos seus aumentos.
(Um conselho da Prevenção Rodoviária Portuguesa)

Odete Santos (PCP)

O Alentejo ainda há-de ser nosso (outra vez)!
(Um conselho da Prevenção Rodoviária Portuguesa)

Pedro Santana Lopes (Ex- Primeiro Ministro)

Eu não vou estar cá mas vou andar por aí!
DJ Flopes - Sexta e Sábado na Kapital (entrada 15€)
(Um conselho da Prevenção Rodoviária Portuguesa)

José Sócrates (Primeiro – Ministro)

A melhor publicidade a lingerie é na Ota
Porreiro Pá!
(Um conselho da Prevenção Rodoviária Portuguesa)

Cavaco Silva (Presidente da República)

Eu gosto muito de:
a) Sócrates
b) Bolo-rei
c) Branqueador para dentes
d) cinto de segurança
(Um conselho da Prevenção Rodoviária Portuguesa)

Esperamos que esta crónica sirva para chamar a atenção ás autoridades competentes de modo a que alguém faça algo depressinha, nós já demos a ideia.

Entretanto temos a (não) secreta esperança de algum dia receber um prémio de cidadãos exemplares. Pelo bem estar geral, e pelo fim das discussões conjugais!

* Capishe?

(20.11.07) Searaman & Blinkboy

terça-feira, novembro 06, 2007

Crónica do Demencial: “Geração Brava Dança”


Não somos propriamente grandes dançarinos, nem auguramos ser e tampouco somos daqueles rapazes que já tocados com 5 imperiais no bucho, 2 uísques e três shots de absinto convidam uma moçoila com frases elogiosas (pois certamente para quem está a criar clima, um monologo daquele calibre não é uma boa estratégia de ataque - se é que se pode chamar aquilo raciocínio)!

E o que tem isto a haver com a “Geração Brava Dança? Nada!

É só para ressalvar que não vamos falar de dança, actividade que nos deixou traumatizados durante uma das cadeiras do nosso curso de APA e que nos fez odiar para sempre essa actividade. Felizmente não nos aconteceu nada de grave senão hoje estaríamos a procurar sabonetes em casas de banho públicas dos centros comerciais, parques e estações de autocarros. Dito isto o melhor é voltarmos ao assunto inicial.

Há mais de 30 anos atrás, ainda antes do 25 de Abril de 1974 (assim qualquer um fica a saber um pouco de história, basta que falemos de assuntos suaves com alguma conotação política e parvoíces pelo meio), há uma história oculta da música portuguesa que o documentário “Brava Dança” veio desvendar. O documentário incide sobre o percurso pessoal de alguns rapazes que mais tarde vieram a fundar a banda “Heróis do Mar”. Ao princípio jovens adolescentes com gosto para a música, que a entrarem no redemoinho revolucionário de 1974-1976 procuram avidamente implantar em Portugal o movimento punk. Na Lisboa de então em que tudo acontecia ao mesmo tempo, esse grupo e a restante “tropa” (na realidade não eram mais de 50) difundiu os seus princípios.

Culturalmente, Lisboa estava moribunda e o resto do país morto, e o movimento punk trouxe criatividade, irreverência e conflito numa sociedade conformada.
Naquele tempo, bandas como “Faíscas” e “Corpo Diplomático” causavam furor só visto ao nível de uns Xutos e Pontapés alguns anos mais tarde. Estas duas bandas de curta duração, fundadas por aqueles que mais tarde seriam os Heróis do Mar, causaram laivos de entusiasmo e hoje são consideradas parte de um mito que o satus quo musical quis apagar.

Muito antes de surgir Rui Veloso, (infelizmente vimos um concerto dele, foram quase 2 horas de tédio, observando um fóssil vivo em palco) as bandas que apareceram naquela época revelam um estado de alma puro. Podemos mesmo dizer que sentimos orgulho nas origens musicais do rock português. Faíscas e Corpo Diplomático, dissolveram-se mais tarde, pois pretendiam criar algo de novo, vindo mais tarde a surgir os Heróis do Mar. O documentário explora todas as controvérsias que abalaram uma década de existência da banda. Desde o epíteto de “fascistas”, álbuns incompreensíveis para a maioria do público e mudanças musicais impostas pelas editoras. Pelo meio grandes sucessos como “Paixão” cativaram as pistas de dança portuguesas numa altura em que a música portuguesa de dança não existia sequer, sendo tudo importado.
Hoje, esses irreverentes que andavam fardados na baixa Lisboeta qual grupo de escuteiros ou da mocidade portuguesa, entraram para o álbum das recordações. A música está viva, certamente, e a obra compreendida; amadureceu como o vinho.

Como todos os grandes movimentos artísticos também estes decidiram terminar a carreira no tempo certo. É bem mais humilde do que se tornar um fóssil vivo como o Rui Veloso. Não compreendemos porque o chamam de “pai do rock português”, será para agradar a todas as famílias, por ser um músico de causas sociais como as campanhas de angariação de fundos para a casa disto e daquilo? O Rui Veloso drogou-se ou nunca se drogou? O Rui Veloso quis ser ou alguma vez sonhou ser como o Keith Richard´s dos Rolling Stones?

O Rui Veloso teve uma carreira muito boa, meritória e interessante mas decresceu meteoricamente e não vai dar nada de novo à música, tal como o tem feito tão bem na ultima década vivendo à sombra de uma bananeira podre.
Está rico, é certo. Mas musicalmente está morto, é certo. O Rui Veloso é mole.

Rui Veloso é nacional porreirismo!!! O Luís Repressas também!! Viva os fosseis vivos!! VIVA!!