terça-feira, outubro 28, 2008

Toponímias da Ruralidade


A crónica desta semana apresenta uma lista das ruas de uma Freguesia que tanto pode ser suburbana ou rural, no entanto preste atenção, pode ser uma freguesia a 35 km dos grandes aglomerados populacionais de Lisboa e Porto. Este fenómeno está longe de se encontrar restrito à província profunda. Por isso não entre em contextualizações estapafúrdias com o objectivo de ridicularizar os mataruanos de Portugal, estes como se sabe já estão a sofre na pele e na carteira as últimas medidas deste governo, as atitudes dos grandes grupos económicos, dos Valentins Loureiros que pululam e da Igreja que ainda assusta com os seus discursos um tanto insípidos.

Acredite, pode deparar-se com coincidências felizes e ser surpreso ao encontrar uma rua com o mesmo nome na qual onde você vive. É verdade, sempre dizem que estamos num país pequeno, etnicamente.

Espera-se com este contributo fornecer novidades toponímicas sobre terras como

S. Jorge de Murrunhanha, Vila Nova da Rabona, Merdaleja, Curral de Moinas e Casal da Burra. Localidades relacionadas com a ficção e humor. A propósito, sobre Vila Nova da Rabona, governada pelo grande Presidente Ezequiel Valadas, soubemos pelas entrelinhas do texto que os Gato Fedorento apresentaram no Diz Que É Uma Espécie de Réveillon, que Vila Nova da Rabona é Vila Nova de Gaia… ficamos mais calmos e orgulhosos por ficar a saber que S. Jorge da Murrunhanha representa o Porto. Como sabemos isto, é simples, num sketch dos Gato Fedorento as duas cidades discutiam a construção de uma ponte no rio que as separa.

A anedota desta crónica está em fornecer o nome e significado de alguns arruamentos com um objectivo maior. A partir deste material até o mais verborreico ou anémico aspirante a escritor poderá elaborar um romance ou pequeno conto para entreter uns quantos palermas. Num estilo entre o Camilo Castelo Branco e Eça de Queiroz, com matizes provinciais dentro do estilo seminarista sem esquecer o pitoresco da direita ultra conservadora e rural. E por que não meus amigos, já que se anda á procura da nova literatura portuguesa – dizem-no no Expreso! Não faríamos o romance, – pelo menos assim – mas por que não. Até uns obscurecidos escritores de sátira podem ter o seu quinhão de felicidade. Felicidade ilusória, felicidade transitória, mas felicidade.

Imaginamos já um grande plano de Vila Nova da Rabona ou porque não Fânzeres de Gondomar, um plano que se aproxima de um edifício onde se alardeia um novo escritor que vai receber o prémio do primeiro lugar. E a partir dessa cerimónia, continuamos improvisando, abordando a sua história de vida com uma pitada de Woody Allen, explorando a temática da crónica social de um artista.

Não! Isso é só para alguns; não que isso até podia ser uma história genial.

Nos preferimos escrever um romance de província que será editado pela Editora Provinciae num papel pálido com capa muito brilhante. É o que se arranja com o orçamento pago a meias pela Junta de Freguesia e pelo ancião da família retratada.

Por agora fazemos só as ruas, eis o esqueleto do romance.

Rua de S. Martinho

Mais conhecida por se situar a Igreja velha do padroeiro da terra e albergar o tumulo do fundador. Local muito frequentado por turistas e “perdidos”.

Rua do Ferrador

Local onde os cavalos e burros eram ferrados, aí se localizou o médico do povo até que construíram o Centro de Saúde; o clínico dos dois reinos animais não passava receitas, não fazia horas extra – ordinárias nem estava escalado para o SAP.

Rua da Quelha

Rua medieval muito apertada, para a qual ainda são lançados alguns detritos como água da louça, do balde da esfregona… Felizmente o Presidente da Junta já realizou a instalação do saneamento básico, senão hoje teria de falar de merda…

Rua das Cortes

Antigo conjunto de manjedouras, no qual se erigiram as modernas casas de emigrantes.

Rua dos Carvoeiros

Local onde morava uma família – dizem – com maus hábitos higiénicos, ou seriam mesmo carvoeiros remediados, causando a inveja dos vizinhos.

Rua do Tanque

Rua no núcleo medieval da vila, onde se lava a roupa. Local de cochicho.

Rua do Cabo Manuel (1895-1984)

Rua que homenageia um Cabo mortífero que participou na Iª Guerra Mundial

Rua das Cunhas

Atrás da Rua de S. Martinho, para ela davam a traseiras da antiga câmara municipal e junta de freguesia, por lá ainda costumam entrar os edis locais. É um habitué.

Rua Central

Na qual se situa o tradicional Café Central, cais para as circulares conversas dos homens

Rua Presidente Mário Borges (1951-)

Que por acaso é a rua do presidente da Junta de Freguesia á 20 anos. Local onde mora o mesmo e se situa o Café Imperial e Pensão Imperial, propriedades do mesmo.

Rua da Quinta (Antiga Rua dos Viscondes)

Rua onde vive a reputadíssima família dos Alves, familiares do influente Abade de S. Martinho (adquiriram a quinta a um falido construtor civil. Antiga propriedade dos Viscondes de S. Martinho os Bernardes de Aguiar até 1972). Só aqui podia passar-se uma novela da TVI com 200 episódios.

Rua do Fontanário

Ou o local mais conhecido por albergar as folclóricas beatas. O quê, novamente!

Rua da Estrada Municipal

Ou a rua onde passa – inevitavelmente - a estrada municipal

Rua do Estádio de Futebol Presidente Mário Borges

Pode já não haver futebol há quase 10 anos mas a obra mantêm-se. Local com muitas casas modernas, construídas pelos bajulados emigrantes do Luxemburgo. Os mais amados e ricos.

Rua das Comédias

Situada no núcleo nobre do século XVIII, albergou o antigo teatro Aguiar, demolido nos anos 80 para dar lugar ao mini mercado Silva e Filhos.

Rua do Abade de S. Martinho (Josué da Salvação Alves 1886-1973)

Rua que homenageia um Abade natural da freguesia, a maior referência local durante o Estado Novo. Presidente de Junta entre 1949-1962

Rua Dr. Joaquim Chamorro (1935-1984)

Rua que homenageia um político com o estilo de Francisco Sá Carneiro, tal como este morreu precocemente. Presidente da Junta (1977-81), Presidente da Câmara (1981-1984)

Rua do Comendador Ruy Isaías (1837-1918)

Filho da terra emigrado para o Brasil onde obteve uma avultada fortuna na exploração do café, usando a escravatura e depois imigrantes, benemérito social quando retorna a Portugal em 1901.

Rua de Trás

Rua de má fama por aí perderem a virgindade muitas jovens. Localiza-se na mesma um pequeno altar a S. António, do qual se espera que conserte as bilhas partidas.

Rua da Lanterna

Também conhecida por ter até aos anos sessenta a única casa de alterna das redondezas.

Agora nas redondezas contam-se as casas de alterne pelos dedos das mãos.

Rua Bacharel Bermudo Galopim da Costa (1889-1928) (Antiga Rua 28 de Maio)

Amanuense, Presidente da Junta entre 1922-1926, republicano e escritor com grandes aspirações, infelizmente o meio social matou-o assim como o arqui-inimigo Abade de S. Martinho, foi reabilitado durante o consulado socialista na Câmara Municipal (1985-1989)

Rua da Associação Recreativa e Cultural e Desportiva (ARCD S.M)

Criada pelo Grande Joaquim Chamorro, em 1961.

Rua Padre Jesuíno Amaro Matias (1941-)

Sucessor do Abade de S. Martinho depois de afastado o reformador Padre Marco Rio em 1979.Ditador vitalício do Centro Social e Paroquial da vila.

Rua da Nossa Senhora de Fátima

Criação do Padre Jesuíno Amaro Matias em 1987, para comemorar o milagre tecnicolor de Fátima no ano de 1917.

Largo do Emigrante

Local onde irá desembocar a futura Avenida do Emigrante em Agosto de 2008, embora as obras já estejam atrasadas. Mas como os emigrantes só cá ficam um mês nem vão dar conta do atraso.

Largo D. Martim Galopim de Meneses

Acredita-se que no século XII teria fundado aí a sua villa e consequentemente a aldeia

de S. Martinho.

Beco Pequeno

Local onde segundo a lenda D. Martim Galopim de Meneses construir o solar acastelado, fundando a villa de S. Martinho no século XII.

Beco Grande

Arruamento onde se situam os correios, abertos de segunda a sexta das 14.00 ás 16.30.

Dava um grande livro, não diga que não.

quinta-feira, outubro 23, 2008

Contos dos Beijos Negros com Três Grandes Conselhos de Bruno Aleixo - Última postagem


10

Aires foi ao psiquiatra, anda com nervos, e irrita-se com frequência, e além disso sente estados de apatia. O doutor pensa que se trata de distúrbios bipolares, mas Aires conhecesse bem e sabe que na realidade anda com desejos de realizar Beijos Negros a algumas clientes, e como se já não bastasse isso tinha fantasias com homens.

terça-feira, outubro 14, 2008

Contos dos Beijos Negros com Três Grandes Conselhos de Bruno Aleixo


9

Era só um chá. Mas o Aires não gostava de servir chá. Era uma das poucas bebidas quentes onde não ousava meter o instrumento sexual. O que fazer?
Porque não aviar a bexiga naquela chávena? Qual é o mal, afinal ainda à pouco estivera a beber chá. Ao mesmo tempo poupava nas contas do bar. A cliente poderia voltar e chamar mais alguém para beber aquele chá de edição limitada, com propriedade terapêuticas.