terça-feira, março 18, 2008

Crónica do Demencial: A Geração “Morangos com Açúcar”




Onde estão agora aqueles que tanto falaram da “geração rasca”?

Em tempos idos, houve uma insurgencia relativamente a uma geração emergente de adolescentes que de diferentes, só no aproveitar da sua “recém” adquirida liberdade para se exprimirem das mais diversas formas (de ter em conta que essa liberdade traduzia-se em camisas de flanela aos quadrados, calças rotas e ouvir musica dos Metalica, Nirvana ou Gun’s & Roses) e de experimentarem muito inocentemente o que o mundo lhes proporcionava.

Do quadro negro pintado na altura, só existe a memória da repreensão na mente de quem a sofreu. De resto, os “rotulados” de geração rasca são agora a força laboral do país, tendo muitos deles cargos importantes, vidas de sucesso pessoal e profissional e até já têm filhos.

O que nos leva à geração actual.

Não sei se repararam, mas de certa forma, a série/novela adolescente da TVI “Morangos com Açúcar” foi a revolução dos cravos para a presente geração.
Álcool, sexo, violência, crises, posses, moda e dramas são alguns dos pratos fortes do dia-a-dia desta nova fornada de jovens portugueses. Como tal, e com a crescente “liberalização” de costumes, surge a “Geração Morangos”. Jovens que, influenciados pela série do mesmo nome, adoptam modas e comportamentos, adoptando a “realidade” da mesma como sua. Para o efeito, contam também com a ajuda da nova vaga de lojas de moda e de gadgets que ditam o aspecto e pretensões da sociedade adolescente da actualidade.

O resultado está à vista. O novo adolescente tipo “pré-fabricado”. Com um estilo igual para todos, o adolescente é “independente” da vontade dos pais, bebe, tem relações, entra em brigas, vive dramas e ostenta posses de tudo o que é gadget actual desde os 6 anos de idade. O respeito e trabalho são meras palavras no dicionário, trocadas em detrimento da nova língua Portuguesa pós-sms.

Os casos de problemas com estes adolescentes são inúmeros e bem vivos na memória colectiva. Problemas nas escolas, cafés, bares, discotecas e nas ruas estão documentados. Com o passar do tempo, também a promiscuidade aumenta em proporção, e, entrando neste campo daria uma só crónica. A ajudar à festa vêm os novos costumes na sociedade actual, super-protectora para quem de si já é difícil de controlar e de incutir regras. Se um professor agir contra um aluno (que por acaso o desrespeita, desautoriza e por vezes agride à frente dos colegas), é o professor o alvo de repudia e até alvo de processos internos. Boa onda.

Na geração Morangos, os pais também têm um papel importante: o de figurantes de cartão.
Na ânsia de não terem que lidar com os filhos, desde tenra idade que os habituam a receber “presentes” só para poderem olhar para o lado, incutindo-lhes uma total desresponsabilização e o saber de gerações que diziam “se pedir, eles dão logo”. Como tal, é esta a sua preparação para os desafios vindouros da vida, como a responsabilização e o mercado de trabalho.

Pois é. E onde estão os que apontavam o dedo à apelidada “geração rasca”?

Se calhar, a levar “galhetas” e a serem maltratados pela fofinha “Geração Morangos”.

Como consideração final dizemos o seguinte: a sociedade continua mais preocupada em aperfeiçoar a bolha protectora a esta geração. A mesma geração que faz o que faz não por experiência e novidade, mas por saberem exactamente o que querem.

E eles querem-no já!