terça-feira, abril 29, 2008

Crónicas do Demencial: A Avaliação dos Professores e o Recalcamento. Por Searaman



Não, este não é nenhum título de um livro que tem por de trás o patrocínio dos sindicatos e do PSD, o partido da necrofilia e dos absurdos néo- liberais.


Confesso que ficou bem escrever isto, pois o parágrafo ficou mais belo com uma auréola laranja e um fino toque de decadência demagógica e populista. Só mesmo vindo de um génio como eu, que mais à frente vai escrever muitas mal e duro sobre os professores corporativistas.

Mas voltando ao título nunca pensei que pudesse ser chamado recalcado quando defendi que os nossos amigos professores fossem avaliados. Professores tão meus amigos, como aquele simpático casal que encontrei em Bragança que se dedicava a dividir para reinar, exercendo uma autoridade arbitrária para quem ousasse ser maior.

Pensava eu que tudo estava á volta de uma posição política; mas afinal a política é recalcamento e todos os políticos são uns recalcados. O que interessa primeiro é a felicidade dos outros e não o bem de todos. Logo só vai para político quem é recalcado; e eu que não enveredei por essa promissora carreira, sou afinal o quê? Um recalcado frustrado? É por isso que a política é fraca? É por isso que sou um fraco e alienado, defendendo as minhas posições, sendo comprimido pelas massas que deram de frosques do meu país para ir trabalhar na humilde industria dos humilhados em Londres, portugueses como eu que trabalham em cadeias de restaurantes, cujos donos são umas bestas, os clientes cada vez mais ricos e os trabalhadores têm cada vez mais trabalho e sem tempo para comer sequer aquelas salsichas gordurosas do típico dejouner dos bifes que as Ladies levam pelo acima!

A avaliação dos professores é tão injusta para os mesmos, pois ao realizar-se pode mudar o meu destino e dar-me aquele tapete vermelho de uma educação ganha observando o sinal vermelho de uma bolsa sempre vazia de dinheiro? Vou ser repescado e colocado confortavelmente numa sala VIP onde me vão reabilitar?

Não, eu agora já não quero nada para mim minha amiga, penso no futuro… não sou nenhum grupie que embarca numa traineira enfatuada com professores.

Recalcado, foi assim que fui chamado, durante uma discussão em pleno MSN.

Uma vez mais descubro que o MSN não é nenhum oásis e que realizar uma discussão pela Internet pode complicar a maneira como nos entendem e como entendemos os outros. Se fui injusto, se fui fanático, fui com convicção; e posso apenas ter feito muito barulho por uma coisa que a muitos não interessa, e que no fim foi sanada com uma bandeira branca só porque a discussão já entrava no impasse. Mas por outro lado sei que devido a este génio recalcado dificilmente posso abrir os preliminares de uma noite mais animada. Porquê? Porque sou um recalcado! Qualquer discussão vai obliterar-me!

Já imagino os problemas futuros com o sexo oposto só porque não vejo as coisas cor-de-rosa como aquele rosa cocotte dos castelos da Disney. Adeus relacionamentos, adeus sexo, adeus portuguesas, adeus.

Tudo porque hoje defendo a avaliação dos professores - pequenas flores de estufa que não podemos importunar com mais processos administrativos. E amanhã o que será?

Serei um recalcado só porque gostaria que os passeios da minha rua não estivessem cheios de dejectos de canídeos?

sábado, abril 26, 2008

Crónica do Demencial: O Novo Acordo Ortográfico e o Assassínio da Língua Portuguesa


Só faltava mesmo o assassínio da língua portuguesa.

E assim mostramos o quão pequeninos somos quando queremos ser como os grandes. O recente acordo ortográfico para a língua portuguesa nos PALOP veio mostrar o rumo do pensamento político português. Portugal afinal é no Brasil.

Se o resto do mundo se tivesse a genial atitude de Portugal e tivesse que se adaptar para servir o país mais populoso, estaríamos todos agora a falar Chinês. E todos nós sabemos o quão triste seria o mundo sem expressões como "Pato com Lalanja", "Alloz e Gambas" ou "Lasga-me os collants".

Mas se repararmos bem na linha governamental e na sociedade portuguesa dos últimos 8 anos é fácil chegar a uma conclusão da razão de tal acto. E não é pela razão oficial apresentada! Já imaginaram se a Espanha e a Inglaterra alterassem a sua língua materna devido aos países latinos e os Estados Unidos? Seria ridículo não seria? Até porque é esse o nome das línguas: Espanhol e Inglês.

Mas como em tudo o resto, os portugueses querem ser pioneiros também no assassínio da sua própria língua. E porquê, perguntam vocês?
Muito simples:

Não é para beneficiar os interesses político-económico-geográficos do Brasil em detrimento dos restantes PALOP, como se diz por aí!

É o contínuo facilitismo para a nossa fabulosa geração de putos mimados!

A premissa seria um pouco como o seguinte:

Puto mimado: "- professora, escrevi mal estas palavras todas, realmente sou um aluno muito fraquinho..."

Professora preocupada: " - o quê?! nada disso! vocês não podem passar dificuldades! São perfeitos! A língua Portuguesa é que está mal! Espera um pouco que já se arranja uma solução, muda-se a língua!...e baixamos a dificuldade dos exames."

Foi mais ou menos isso que se passou.

E onde estão os Brasileiros no meio disto?

Os brasileiros limitaram-se a ser 65 milhões e a ter um domínio da língua portuguesa tão bom quanto o Cristiano Ronaldo a jogar ténis.

Mas não se preocupem, porque daqui a uns anos a expressão " cadê tu! ", entre outras, será tão portuguesa quanto o Fado ou o Benfica.


Nota: No ano de 2015, será assinado um novo Acordo Ortográfico onde, além de outras alterações, o "qu" será abolido em detrimento do "k" e passar-se-á a escrever"os" carro/garrafa/mano, etc...

Declaração dos Membros Fundadores (e únicos) das Crónicas do Demencial:


Obrigado por esperarem, retomaremos as Crónicas do Demencial já a seguir.