terça-feira, junho 24, 2008

Contos dos Beijos Negros com Três Grandes Conselhos de Bruno Aleixo


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Um dia o Aires sentiu-se muito apertado ao balcão e deixou de mexer as bebidas com o sarramalho porque sentiu um grande aperto na bexiga. Ao entrar na casa de banho, encontrou um casal de namorados a discutir por causa de um Beijo Negro, e perguntou se estavam ali para discutir ou usar os sanitários. Curioso, foi para casa e fez uma pesquisa sobre o tema. Naquela noite estava tão excitado que telefonou á namorada para passar lá por casa porque tinha uma surpresa para lhe fazer. Ela não aceitou, e disse horrorizada que não punha os pés na casa dele enquanto não concertasse a tomada eléctrica onde se tinha queimado. O Aires, o coitado do Aires, dormiu sozinho e nu naquela noite. Nu como sempre fazia.
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sábado, junho 14, 2008

Contos dos Beijos Negros com Três Grandes Conselhos de Bruno Aleixo



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Um cliente do café do Aires escorregou no chão molhado da casa de banho e bateu com a cabeça numa tomada de electricidade. O Aires foi ver o ferido, e fez um curativo com mijo que vazou forçadamente da bexiga, algodão e uma compressa. Depois para animar o cliente entontecido, deu-lhe uma bebida que evidentemente mexeu com a picha. O gajo que se estatelou tinha tido um mau dia, pois já de manhã houve um fogo na cozinha do seu apartamento e os bombeiros entraram na casa, surpreendendo-o nu a dormir no quarto.
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sexta-feira, junho 13, 2008

quarta-feira, junho 11, 2008

Contos dos Beijos Negros com Três Grandes Conselhos de Bruno Aleixo


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O Aires estava a dormir, e a companheira fez-lhe um Beijo Negro com tanta força que o mordeu. Imediatamente, fugiu do quarto e foi desinfectar a ferida com mijo, pois considera-o anti-séptico. Deve ser por isso que as bebidas que mistura com a picha nunca fizeram mal a ninguém, a não ser que beba demasiado e mije numa tomada de electricidade.
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sexta-feira, junho 06, 2008

Crónicas do Demencial no Sem Censura de 6 de Junho - Peregrinação


Boa Noite, sejam bem-vindos à primeira Crónica do Demencial desde a última! Desta vez serei somente eu a fazer a incursão no maravilhoso mundo das Crónicas, visto o nosso amigo Paulo Seara ter emigrado para Inglaterra onde realizou uma visita de trabalho a Edimburgo na Escócia, aproveitando o tempo livre para visitar o Lago de Loch Ness, e onde a única coisa que conseguiu apanhar foi uma constipação exasperante devido ao típico tempo Escocês, é o que dá andar de Kilt. Na quarta-feira encontrou Bono Box, vocalista dos U2 num Pub da Capital Escocesa e trocaram entre si receitas de Bacalhau e Arenque.

Esta semana vou tratar de um tema que me diz muito pelo menos uma vez por mês quando vou ao Futebol: Peregrinação.

Nem toda peregrinação é de cunho religioso. Peregrinar significa viajar, andar por terras distantes. Qualquer pessoa pode criar sua própria peregrinação para algum lugar que lhe seja sagrado ou inspirador. Esse lugar tanto pode ser Fátima, Compostela, Jerusalém, Roma, Sede da UEFA ou o Estádio da Luz.

Seguidamente contarei uma história tendo como pano de fundo uma reunião familiar por efeito de uma peregrinação:

VÉSPERAS DE UMA PEREGRINAÇÃO Dos Gomes da Fonseca

Uma vez mais os laços familiares dos Gomes da Fonseca foram estreitados na reunião habitual da peregrinação ao santo da Freguesia. Uma oportunidade mais propícia que o próprio Natal, pois as férias de Verão são aproveitadas para reunir todo o clã, e prestar preces e homenagem ao padroeiro que ajudou tantas gerações passadas.

Realizando um acto de contrição, esperemos que o senhor chefe de família não precise de mudar de roupa a meio da merenda por ter apanhado em cheio com o galheteiro do azeite nos cornos, atirado pela esposa, que o encontrou a beber desalmadamente na companhia dos irmãos Nunes.

A esposa ficou fula e com razão e esteve quase a dar-lhe o fanico enquanto gritava: “Desavergonhado! Desaparece-me da frente, estamos num local santo e tu andas a beber como sempre, não tens vergonha seu porco!”.

Mas quando as pessoas são educadas, é outra coisa. Enquanto o senhor Fonseca foi curar a ressaca para trás de umas giestas, a sua esposa até começou a confraternizar com os Nunes, e falou-se muito sobre telenovelas e concursos de televisão.

Essa bronca inicial foi o menos, pois o pior veio a seguir, quando a avó teve a ideia de perguntar à Prima Ofélia se tinha recebido algum presente de aniversário dos patrões onde é secretária, tendo a parva descaindo-se a dizer que, do Senhor Serafim, recebera um jogo de calcinhas rosa e um soutien de nylon, e do Senhor Cancelas, um vibromassajador japonês de cor ébano, muito bonito. Ora, ao ouvir isto, o Frederico - que é marido de Ofélia -, e que tinha metido á boca uma grande garfada de Bacalhau á Brás, engasgou-se, engoliu comida por mastigar, cuspiu o resto para o prato do avô, e desatou às bofetadas à Ofélia.

Esta reagiu, crescendo como uma leoa, dizendo: “Pois digo para vergonha tua, que nem és marido nem és nada! Se não fossem os meus patrões não sei o que seria de mim!», desatando a chorar baba e ranho, e foi então que o Frederico agarrou na faca de cortar o pão-de-ló, começando toda a família a gritar «Ai que ele mata-a! Ai que ele mata-a!», mas o Senhor Fonseca, aparecendo já ressacado, tirou-lhe a faca. O Tio Arsénio obrigou-o a sentar na cadeira, deu-lhe palmadinhas nas costas e disse-lhe: «Não ligues ao que ela diz, pá, já sabes como são as mulheres», e ele ao ouvir estas boas palavras, ficou mais sossegado e até alargou um furo ao cinto para continuar a comer.

A Tia Palmira não gostou da conversa do marido (Tio Arsénio) e começou a refilar, que ela era uma mulher séria, que quem não se sente não é filho de boa gente, etc., etc., mas o Tio Arsénio que é um bocado bruto, atirou-lhe logo uma boca a matar: «Escusas de te armar em séria, que todos sabem que andaste enrolada com o Gonçalves da farmácia quando ele te tratou do eczema»; e ela, logo: «E tu com a Gracinda da peixaria, que até escamas de pargo trazias para casa nas cuecas!» O Tio Arsénio, muito fodido responde: «As escamas de pargo não são para aqui chamadas para nada, porra!» E ao dizer isto, deu tal murro num prato de croquetes que saltaram para todo o lado assustando até os primos mais novos que jogavam uma bela suecada ali por perto.

No entanto, o Senhor Fonseca que ia acudir a Tia Palmira, esteve vai-não-vai para apanhar outra vez com o galheteiro, pois a esposa ainda não se tinha esquecido do que tinha feito; enfim, só visto!

O que valeu para que a merenda não ficasse estragada foi a imposição dos sinos do campanário, e visto ser aquele o toque para reunir a congregação, não se consentia faltas de respeito, pois o local não era nenhuma taberna e era imoral estarem a encher o bandulho naquele lugar santo, com a comida cara como estava, e a portarem-se que nem javardos em vez de se mostrarem agradecidos com as benesses divinas de um tempo de paz e de pão.

Até ao fim das celebrações ninguém abriu a boca, mas ao chegarem a casa, a esposa do Senhor Fonseca, que tem muito jeito para compor as coisas quando não está a aziar, disse que o melhor era a Dona Guiomar (irmã mais velha do Senhor Fonseca) ligar a televisão, pois tinham programas muito bonitos, sobretudo os concursos depois do Jornal da Noite, até porque as conversas não fazem falta para nada e as pessoas não estava ali para conversar, mas para comer e que assim as crianças sempre estavam mais distraídas; enquanto isso se passava, os primos juvenis jogavam à vez no GameBoy, e as primas conversavam sobre as fotos dos moços na revista “Bravo”.

E foi assim que os mais pequenos tiveram de gramar duas horas de chachadas com intrevalos pelo meio.

Não é que eles não gostem de chavascal e sarrafada, mas, mal por mal, ainda preferiam ver os parentes todos à porrada e a descobrirem as carecas uns dos outros, do que ver televisão, eles que nem sequer tinham TV por cabo, grandes ordinários.


Em suma, para que serviu esta peregrinação local? Quais a vantagens e desvantagens de ir peregrinar para longe como Santiago de Compostela, Lourdes, Fátima, Roma, ou Jerusalém? Os Gomes da Fonseca conseguiriam ser tocados pela fé? Professando-a na prática, ou seriam uns turistas lusos extrovertidos numa terra estranha, dando nas vistas com os seus costumes, conflitos, falta de amor-próprio e de amizade?

Cada um poderá tirar as suas conclusões.

Agora para terminar, que a Crónica já vai longa, uma noticia que interessa face ao tema de hoje:

Peregrinos autorizados a circular de joelhos pela faixa “BUS”

Todo o fiel que vier a Fátima para assistir às Comemorações das Aparições da Nª Sr.ª Fátima tem autorização do Governo Civil para circular de joelhos nas faixas destinadas ao “BUS”.
“- Assim é mais rápido, até porque assim não ficamos todos engarraf...” comentou um crente momentos antes de ser abalroado por um Táxi e ir ao encontro do Criador.

Várias brigadas da BT, da PSP e da Pull&Bear foram colocadas em pontos estratégicos da cidade para auxiliar todos os peregrinos que se dirijam às comemorações, desde que o façam apoiados nos membros ou orelhas.

Até ao momento, foi registado apenas um acidente: dois peregrinos que se dirigiam ao Santuário sofreram uma colisão frontal. O que se deslocava apoiado nos cotovelos não terá respeitado o semáforo e provocou o sinistro.

Depois de terem sido desencarcerados um do outro foram encaminhados para o Hospital local onde estão de momento a Chá.


quinta-feira, junho 05, 2008

Contos dos Beijos Negros com Três Grandes Conselhos de Bruno Aleixo


1

O Aires é um perverso, mexe as bebidas com a picha e faz beijos negros, mas ontem fodeu-se porque teve vontade de mijar atrás do balcão e morreu electrocutado. Por outro lado, morre com uma reputação imaculada, à excepção daquilo que a ex-namorada sabe dele. Mas concluo que não falará dos seus vícios por embaraço. No entanto, nem ela sabe onde estão as fotos dele nú a dormir, que o deixariam muito mais exposto, inseguro e débil. Mas como está morto, para que se preocupar com isso.

Continua...

terça-feira, junho 03, 2008

Colaborações Demenciais 3 - Anónimo - Apelo à Imigração (ou à revolução)



Caros amigos,


Talvez tenha sido culpa do 1º de Maio, talvez da minha primeira tentativa de ingresso no mercado de trabalho (onde a PT me tentou seduzir com uns generosos 200€ por 20 horas semanais para ingressar num call-center - ou 450€ por 40h) - e que decisivamente me abriu boas perspectivas para o futuro (acho que em 2027 terei poupado o suficiente para ir ao dentista tirar esta cárie que me tem andado a chatear e, depois sim, poderei finalmente começar a fazer planos para ir a Albufeira passar um fim-de-semana), - ou talvez por estar desempregado e ter muito tempo livre, permiti-me fazer uma pequena pesquisa no Eurostat apenas para me rir dos meus irmãos europeus e consolidar a teoria de que somos o único país do mundo que é ao mesmo tempo desenvolvido e que tem sol.

Porém, o meu desapontamento foi grande quando descobri que éramos 19º país da Europa dos 27 com o salário mínimo mais baixo (quadro I) (o mesmo que a PT tão gentilmente me ofereceu). Mas nem tudo eram más notícias. Fui entretanto socorrido por um pensamento reconfortante: eu, no fundo, sabia que os quadros da PT fazem o que podem. Sabia que essa história de Portugal ter um dos parques automóveis mais luxuosos da Europa é pura mentira, que em Cascais vive gente que passa mal, e que se os senhores de fato e gravata na PT não me ofereciam mais uns trocos, era apenas porque eles próprios lutam dia-à-dia por ter comida em cima da mesa. Imaginem qual não foi a minha surpresa quando descobri que Portugal era o 26º país da Europa com maior fosso salarial entre os 20% que recebem mais e os 20% que recebem menos (quadro II - um dos medidores oficiais e principais da UE para estudar a desigualdade na distribuição nacional da riqueza).


Neste momento, talvez por estar perdido numa divagação numérica, apercebi-me que a minha salvação estava no facto de o meu corpo possuir um metabolismo altamente eficaz, produto, talvez, da genética apurada dos portugueses. Um pouco de matemática: o ordenado mínimo português corresponde a cerca de 2.80€ por hora. Mas o corpo humano, infelizmente, não hiberna, e gasta energia 24h por dia. Se dividirmos o ordenado mínimo mensal português (450€) pelas horas de um mês (720h), isso significa que o corpo médio do português (pelo menos dos que trabalham nos call-centers da PT), gasta apenas 63 cêntimos de ATP (energia) por hora. Se quisermos ser rigorosos, e considerar que este corpo ainda dá prendas de Natal e muito de vez em quando cede ao impulso de comprar um livro ou de se deslocar para ir ter com os amigos, surge-nos uma constatação extraordinária: o metabolismo dos portugueses é um dos metabolismos mais eficazes do mundo (sim, porque no meio disto tudo o nosso custo de vida é superior ao da média europeia - também está no Eurostat (http://epp.eurostat.ec.europa.eu/) - e por isso não adianta fazer comparações com a Roménia ou a Serra Leoa). Mais que aliviado perante a perspectiva de o meu tarifário corporal (20cts/h) ser tão baixo, foi a proposta de emprego da PT que me pareceu então ainda melhor, e sorri novamente perante a infelicidade dos meus irmãos europeus e da sua genética tosca. Senti apenas alguma compaixão por alguns amigos e pessoas que aqui vivem, que eu conheço, e que não foram contemplados com a maravilhosa genética lusitana. Por isso escrevi este mail, para poderem reenviar para amigos nessa situação (que não sejam quadros da PT), e que passem tão mal como passa aquela gente em Cascais. Talvez eles devam pensar em emigrar.


Eu sei que o Sol também conta e que a estatística é muito aborrecida. Mas, neste caso, peço-vos para , durante um minuto, passarem os olhos pelos quadros (porque os seus números são brutais, e a relação entre eles - quadros - é também esclarecedora) e para reencaminharem isto se acharem que pode ajudar alguém, especialmente quem ainda estiver preso nalguma indecisão geográfica.


Um abraço,


F.L. - licenciado, desempregado, mas orgulhoso do seu metabolismo.


Quadro I
Salários Mínimos da Europa dos 27 – dados do Eurostat relativos ao ano de 2008

€ - / €
1. Denmark 185027.89/h -
2. Luxembourg 1570/ 1570
3. Ireland 1403/ 1499
4. Sweden 1382/ -
5. UK 1361/ 1381
6. Netherlands 1301/ 1317
7. Germany 1277/ -
8. Belgium 1258/ 1283
9. France 1254/ 1280
10. Finland -/ -
EU Average of Big 15 1160
11. Austria -/ 1000
12. Italy 866/ -
13. Spain 666/ 600
14. Greece 668/ 657
15. Malta 585/ 617
16. Slovenia 522/ 538
17. Cyprus 409/ 741
18. Portugal 470/ 426
19. Czech Republic 288/ 303
20. Hungary 258/ 271
21. Poland 246/ 311
22. Estonia 230/ 278
23. Slovakia 217/ 241
24. Lithuania 174/ 303
25. Latvia 172/ 227
26. Romania 114/ 140
27. Bulgaria 92/ 112

Quadro II
Desigualdade na distribuição do rendimento nacional na Europa dos 27 (Coeficiente de Gini: rácio do rendimento total recebido pelos 20% de população com rendimento mais elevado em relação aos 20% da população com rendimento mais baixo) – dados do Eurostat relativos ao ano de 2006


1. Slovenia 3.4
2. Denmark 3.4
3. Bulgaria 3.5
4. Sweden 3.5
5. Czech Republic 3.5
6. Finland 3.6
Iceland 3.7
7. Austria 3.7
8. Netherlands 3.8
9. France 4
10. Slovakia 4
11. Belgium 4.2
12. Luxembourg 4.2
13. Malta 4.2
14. Cyprus 4.3
Norway 4.6
15. Ireland 4.9
16. Spain 5.3
17. Romania 5.3
18. United Kingdom 5.4
19. Estonia 5.5
20. Germany (including ex-GDR from 1991) 4.1
21. Hungary 5.5
22. Italy 5.5
23. Poland 5.6
24.Lithuania 6.3
25. Greece 6.1
26. Portugal 6.8
27. Latvia 7.9