terça-feira, novembro 24, 2009

Educação do Cagalhão...



Sejam bem vindos à primeira Crónica do Demencial depois da última. A partir daqui tentaremos fazer uma crónica pelo menos a cada 4 meses. É bom saber que ainda nos importamos…

Bem, o tema sorteado da fabulosa (e muito poeirenta) tômbola de temas das Crónicas do Demencial é a Educação. Um tema muito sério, e como tal vai ser tratado com a seriedade que lhe assiste.

O estado actual da educação vê-se pelo seguinte: antigamente (no tempo dos antigos, no século passado) quando um pai era chamado à escola por o filho ter mandado um peido e ter levado umas reguadas de madeira nas mãos, ainda levava na cara e o pai até agradecia à professora por dar educação ao filho (eu levei muitas e aqui estou eu).

Hoje em dia, os encarregados de educação mostram interesse e iniciativa ao irem à escola após o filho ter sido repreendido por desrespeito aos docentes, e ao chegar à escola, é o professor a levar na cara!

A educação actual tem quatro faces: O Ministério, Os Professores, Os Pais, e os Alunos.

À uns anos atrás, houve uma insurgência relativamente a uma geração de adolescentes que de diferentes, foi no aproveitar da sua “recém” adquirida liberdade para usar camisas de flanela aos quadrados, calças rotas e ouvir musica dos Metallica, Nirvana ou Gun’s & Roses e de experimentarem inocentemente o que de novo o mundo lhes proporcionava.

Do quadro negro pintado na altura, só existe a memória da repreensão na mente de quem a sofreu e os “rotulados” de geração rasca são agora a força laboral do país, tendo muitos deles cargos importantes, vidas de sucesso e até filhos.

O que nos leva à geração actual.

Não sei se repararam, mas de certa forma, a série/novela adolescente da TVI “Morangos com Açúcar” foi a revolução dos cravos para a presente geração.

Álcool, sexo, violência, crises, moda, posses, e dramas são alguns dos pratos fortes do dia-a-dia desta nova fornada de jovens portugueses.

Como tal, e com a crescente “liberalização” de costumes, surge a “Geração Morangos”. Jovens que influenciados pela série do mesmo nome, adoptam as modas e comportamentos, adoptando essa “realidade” como sua.

Oito anos depois do surgimento da série, o resultado está à vista. O novo adolescente-tipo “pré-fabricado”.

Com um estilo igual para todos, o adolescente é “independente” da vontade dos pais, bebe, tem relações, entra em brigas, vive dramas e ostenta posses de tudo o que é gadget actual desde os 6 anos de idade. O respeito e trabalho são meras palavras no dicionário, trocadas em detrimento da nova língua Portuguesa pós-sms.

Os casos de problemas com estes adolescentes são inúmeros e bem vivos na memória colectiva.

Problemas nas escolas, cafés, bares, discotecas e nas ruas estão documentados. Com o passar do tempo, também a promiscuidade aumenta em proporção (entrando neste campo daria uma crónica inteira).

A ajudar à festa vêm os novos costumes na sociedade actual, super-protectora para quem de si já é difícil de controlar e de incutir regras.

Se um professor agir contra um aluno (que por acaso o desrespeita, desautoriza e por vezes agride à frente dos colegas), é o professor o alvo de repudia e até alvo de processos internos. Boa onda.

A não ser que seja filmado e vá parar os olhos do grande público...

Na geração Morangos, os pais também têm um papel importante: o de figurantes de cartão.

Na ânsia de não terem que lidar com os filhos, desde cedo que os habituam a receber “presentes” só para poderem olhar para o lado, incutindo-lhes uma total desresponsabilização e o saber de gerações que diziam “se pedir, eles dão logo”. Como tal, é esta a sua preparação para os desafios vindouros da vida, como a responsabilização pelos actos e o ingresso no mercado de trabalho.

Nisto entra o Ministério da Educação a policiar e condicionar os professores que à partida já estão no meio de uma "zona de guerra" armados apenas com uma colher.

Pessoalmente concordo com os professores num ponto: a avaliação deveria ser alterada. E devia ser alterada de modo a que o novo modelo de avaliação contemplasse o número de murros nos dentes, empurrões, insultos, desrespeitos, aulas dadas em silêncio e em que agentes exteriores alheios ao ensino condicionam o seu trabalho.

Poderia ter ainda a inovação da participação dos encarregados de educação na avaliação dos professores através de vários graus de satisfação que iriam desde "Palhaço" a "Filho da Puta".

Daí a minha solidariedade para com as manifestações dos professores. Se bem que à primeira vista pensei que tais manifestações fossem pelos constantes aumentos do preço dos combustíveis, dos bens essenciais, das taxas de juros, dos fechos dos centros de saúde, da inflação, dos aumentos inexistentes dos salários e perda de poder de compra ou até que o Benfica tivesse ganho o campeonato, mas não. E acho muito bem.

O país adora conversar sobre professores, mas nunca fala sobre educação.

Portugal ainda não arranjou coragem para lidar com este facto: os alunos acabam o secundário sem saber escrever.

Eu também vou fazer uma marcha indignada. Vou descer a avenida com a seguinte tarja: "Os alunos portugueses conseguem tirar cursos superiores sem saber escrever". A coisa mais básica – que é saber escrever – deixou de ser relevante na escola portuguesa.

De quem é a culpa? Dos professores? Certo. Do Ministério? Certo. Mas os principais culpados são os próprios pais. Mães e pais vivem obcecados com o culto decadente da psicologia infantil.

Não se pode repreender o "menino" pois isso é excesso de autoridade, diz o Psicólogo. Portanto o petiz pode ser mal-educado para o professor.

Não se pode dizer que o "menino" escreve mal pois isso pode afectar a sua auto estima. Ou seja, o rapazola pode ser burro, desde que seja feliz.

O professor não pode marcar trabalhos de casa porque o "menino" deve ter tempo para brincar. Genial: o "menino" pode ser preguiçoso desde que jogue na consola.

Ora, este tal "menino" não passa de um monstrengo mimado que não respeita professores e colegas pois não conhece tal conceito.

Mais: este monstrengo nunca reconhece os seus próprios erros. Neste mundo Peter Pan os erros não existem e as coisas até mudam de nome. O "menino" não escreve mal; o "menino" faz, isso sim, escrita criativa. O "menino" não sabe escrever recessão mas é um Eça em potência.

Se querem culpar alguém pelo estado da educação, os pais que se olhem ao espelho.

Entretanto um novo elemento surgiu que sozinho faria uma nova crónica: O Novo Acordo Ortográfico. Concordo com o acordo.

Assim os "meninos" já estão ensinados.

Para finalizar deixo uma reflexão:

Em Portugal, o poder de compra caiu de tal modo que a classe média, sentindo na pele, já é classe baixa.

No seu estilo inconfundível, o Bloco de Esquerda atacou o Governo com o seguinte argumento:
- Temos a situação tão degradada com os valores éticos, sociais e morais a ser postos quotidianamente em causa por este Governo, que até universitárias estão a começar a prostituir-se.·

A resposta de Sócrates não se fez esperar:
- Em primeiro lugar, este Governo não recebe lições de ética, nem quaisquer outras, de ninguém; em segundo lugar e como é apanágio de V. Ex.ª que já nos habituou à distorção sistemática da realidade, o que acontece é exactamente o oposto: a situação é tão boa que até as prostitutas já são universitárias.

Um grande bem-haja e até um dia destes!

quinta-feira, novembro 12, 2009

Já havia Lucky Strike na Idade Média!?


Não sei o que fizeste para seres tema nas Crónicas do Demencial (agora num formato minimal e comatoso) acho que tentas-te ser uma celebridade. Sobre ti, sei o que apenas sabe um mero observador, nada de mais, é só mais um humano a cambalear; não entrei no teu dédalo pessoal, embora pelos indícios não mostravas saúde. Faltava brilho, uma espontânea alegria, invés disso, o único brilho vinha do cigarro, e dos olhos mortiços. Decidi extratir-te da gaveta das recordações como quem recorda uma certidão incómoda como aquelas que são emitidas nas escutas judiciais. Reabrimos o inquérito sobre um corpo estranho que fumava um cigarro durante uma feira medieval, de corpo cambalente e com aspecto de ter sido atropelado por um camião. Sei que não podes esclarecer o que te sucedeu, não és nenhum criminoso. És uma nódoa negra no cliché das feiras medievais. Uma semana de celebrações entusiastas sobre a idade dos cavaleiros e das donzelas é afinal acompanhada de muita falta de higiene pessoal, noitadas, e consumo excessivo de substâncias psicotrópicas.