segunda-feira, agosto 07, 2006

Crónica do Demêncial: E assim foi o Mundial "FIFA" 2006

Pois é, acabou mais um Campeonato do Mundo.

Nesta edição do Campeonato do Mundo “Corredores da FIFA”, tivemos um mês de verdadeira animação!

Desde altos responsáveis da FIFA a serem expulsos por vender bilhetes na “candonga” ao triplo do seu valor normal e a meter para o bolso, a demonstrações de xenofobia e incompetência a ser aplaudidas pela FIFA, ao carro oficial do mundial da Alemanha ser a marca japonesa Hiunday no pais da BMW e da Volkswagen, à escolha da mascote inglesa de 66 para mascote oficial do de 2006, numa prova de amizade para com os seus amigos “bifes”, sendo o seu merchandising tóxico, de modo a comemorar o espírito desta grande nação.

Estava tudo pronto para mais um grande mundial.

Mas falemos de futebol. Até porque foi do (pouco) futebol que o mundial se fez.

Alemanha, Itália, Espanha, Inglaterra, Argentina, e França(?) os candidatos ao titulo do costume, acrescido da já equipa hexacampeã, super favorita e “galáctica” selecção brasileira!

Entretanto, numa euforia particular e abstraída de tudo o resto, Portugal.

Aquela selecção “incómoda” que quase ganhou um campeonato da Europa, mas que felizmente o perdeu para a Grécia, não qualificada para o mundial, que ou demonstra grandes resultados ou resultados estapafúrdios recheados de polémicas e umas suspensõesitas e que se julgam ao nível da “elite” estabelecida do futebol mundial.

Com as belas palmadinhas nas costas, as altas personalidades lá iam dizendo que Portugal “tem hipóteses” de chegar longe. Bonito! É isso que queremos ouvir para ficarmos felizes. Já podemos então viver os próximos anos com as palavras dos outros e vitórias morais! Espera lá! Querem ganhar? Isto não é o habitual...humm...ok, então vamos ter que fazer alguma coisa em relação a essa atitude...

Voltemos aos candidatos do costume.

No início do mundial:

A Alemanha, como equipa anfitriã, tinha legítimas aspirações a ganhar a competição, com a sua renovação concluída depois do descalabro do Euro 2000, e após os períodos de adaptação de 2002 (onde chegou á final) e de 2004, agora a jogar em casa, tinha tudo para o conseguir, bem à moda das melhores histórias que a FIFA tanto gosta de contar.

A Itália. Finalista em 94 e no Euro2000, quer atenuar os danos do escândalo de corrupção que abala o seu futebol, e com o seu futebol consistente e o “catenaccio” é sempre uma selecção a considerar.

A Espanha, como de costume, empunhando o brasão do melhor campeonato do mundo e super confiante pela excelente campanha de qualificação, estava preparada para finalmente quebrar o enguiço dos “quartos de final”.

A Inglaterra. Como sempre foi e como sempre será, os ingleses estavam confiantes que iam ganhar a prova.

A Argentina vinha para este mundial como uma selecção fortíssima e realmente tinha hipóteses de conseguir ganhar a prova.

A França. Após seis anos verdadeiramente miseráveis, e uma qualificação no mínimo sofrida, a selecção gaulesa não tinha expectativas muito altas para este mundial.

O Brasil. A selecção do R9 e R10 em mais uns quantos jogadores fabulosos, vieram para o mundial com o cheiro do samba e festa permanente. Sorrisos, samba, festa, habilidades, e afins fazem da participação do Brasil um autêntico espectáculo dentro e fora do campo. Milhares de adeptos nos treinos, centenas de jornalistas nas conferências e a unanimidade mundial de que o novo campeão do mundo estava encontrado.

A denominação de “galácticos” dada à selecção canarinha era mau presságio.

E Portugal. Vice campeões europeus, uma qualificação sem mácula e sem derrotas e o melhor ataque das qualificações não são suficientes para ter favoritismo. Tudo bem, como país pequeno e como ainda não ganhámos nada...apesar de só termos falhado uma competição numa década e de as nossas equipas nacionais, jogadores e treinadores portugueses darem cartas na Europa à décadas.

Mas nada disso importa. Importa é no campo.

No final do Mundial:

A Alemanha, como se esperava, ou não, embalado pela 1ª vez com uma verdadeira euforia por parte dos seus adeptos parecia mesmo destinada à final da prova para gáudio da FIFA. Só não contavam que o “catenaccio” italiano funcionasse ás mil maravilhas e foram despachados com dois golos no ultimo minuto de jogo. Apesar de tudo, venceram facilmente Portugal para ficarem como 3º lugar na prova. Prestação muito positiva.

A Itália. Atenua os danos do escândalo de corrupção que abala o seu futebol, e ganha o Mundial de 2006 sem problemas de maior. A Juventus torna-se o clube de segunda divisão com mais Campeões do Mundo de sempre com 8 jogadores na “Squadra Azurra”.

A Espanha, como de costume, empunhando o brasão do melhor campeonato do mundo e super confiante pela excelente campanha de qualificação, voltou de novo para casa após perder nos “quartos de final”.

A Inglaterra. Para variar, os ingleses até perderem sempre pensaram que iriam ganhar a prova. Será por isso que foram eliminados nos quartos-de-final, novamente contra Portugal, novamente por penalties, novamente defendidos por Ricardo (3 penalties defendidos), sem que desta vez tivesse que tirar as luvas ou que marcar qualquer penalidade.
Ainda como ajuda aos ingleses, Cristiano Ronaldo relembrou ao arbitro do encontro que pisar propositadamente um adversário nos “países baixos” é passivo de expulsão. Pela quinta competição consecutiva, perderam por penalties nos quartos-de-final.

A Argentina cilindrou com uma goleada a primeira selecção que teve pela frente, mostrando que realmente poderia ser o ano deles, infelizmente para eles foi mesmo só esse o único jogo de jeito, acabando por serem eliminados pela Alemanha nos quartos-de-final. Valeu por ver o Maradona a chorar como uma menina.

A França. Na sua óptica, chegaram à final do mundial naturalmente, sem quaisquer dificuldades como estava previamente previsto e delineado, tal como a cabeçada de Zidane a Materazzi e todas as atitudes xenófobas e racistas que tiveram durante a prova. De referir que os jogadores da selecção francesa tinham perfeita noção que Luís Filipe Scolari era um grande jogador da Selecção Portuguesa. E um jogador muito perigoso também. Estava também previsto perderem a Final para a Itália, onde Trezeguet tinha instruções específicas para falhar a sua grande penalidade.

O Brasil. A selecção do R9 e R10 e mais uns quantos jogadores fabulosos, vieram para o mundial com o cheiro do samba e festa permanente. Sorrisos, samba, festa, habilidades, e afins fazem da participação do Brasil um autêntico espectáculo dentro e fora do campo. Milhares de adeptos nos treinos, centenas de jornalistas nas conferências e a unanimidade mundial de que o novo campeão do mundo estava encontrado. O nome de “Galácticos” estava bem entregue. Foram para casa depois de perderem nos quartos-de-final e a única coisa que se viu do melhor jogador do mundo, foram os dentes. Lula da Silva chamou “gordo” a Ronaldo.

E Portugal. Vice campeões europeus, não eram favoritos. Mas eram sem duvida um alvo a abater. De Portugal esperava-se ou uma prestação miserável, ou notável. Para azar de Angola, Irão, México, Holanda e Inglaterra, foi a segunda.

Infelizmente para a equipa com o futebol mais apelativo do mundial, “os poderes estabelecidos” não poderiam permitir a imergência de uma nova potência mundial e permitiram um desencadear de atitudes xenófobas e anti-desportivas da parte dos adversários que (cheios de medo é o mais correcto) adjectivavam a selecção e os Portugueses de bárbaros, palhaços, fiteiros, violentos, entre outros.

Portugal foi eliminado pela França nas meias-finais por 1-0 com um golo de grande penalidade.
Portugal acabou em 4º lugar após perder 3-1 com a Alemanha.

Para a posteridade fica:
O Melhor Jogador do Mundial: Luís Figo
O Melhor Jogador Jovem: Cristiano Ronaldo
O Melhor Marcador: Pauleta
A Melhor Cabeçada: Zinedine Zidane

Para a FIFA, o Mundial poderia ter sido pior. Com um lucro entre os 700 e os 800 milhões de euros, não foi nada mau.

O Brasil não ganhou como esperado, mas o esperado era a França na final e os Alemães contentes com o 3º lugar.
E a Itália não vai ficar tão triste com a sentença final do “Catecalcio”, onde vários clubes desceram de divisão por falsear resultados, e onde até os campeões foram falseados. Alguém se lembra de algo chamado “Apito Dourado”?

Daqui a 4 anos haverá mais, e pela primeira vez em solo africano; África do Sul, onde portugueses são assassinados às dúzias! E o Brasil poderá estar descansado que conseguirá mais uma estrela na camisola, com ou sem “Galácticos”.

PS: O logotipo para o Mundial África do Sul de 2010 foi feito por um português. Será essa a nossa vitória moral na competição?

(11.07.06) Searaman & Blinkboy

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