quarta-feira, agosto 27, 2008

Contos dos Beijos Negros com Três Grandes Conselhos de Bruno Aleixo


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É dia de Páscoa na terra do Aires. Como sempre a visita pascal percorre toda a vila. Mas este ano uma nova porta irá reverenciar sua excelência o senhor Padre: a porta do Aires.
Apesar de ainda não estar toda a instalação eléctrica instalada, de grosso modo a casa está pronta para usar. Na sala, ao lado da estante de livros, o Aires dá lustro ás garrafas de variados espíritos. Espera secretamente oferecer um vermute bem mexido ao senhor Padre. Obviamente mexido com o sexo. E arriscará largar umas gotas de urina.

Aires encontra-se feliz, investir no bar foi um golpe de génio e destruiu a concorrência. Antes obscurecido pela dúvida e o remorso, pensava que a existência se encontrava a caminho do fundo e que a sorte lhe tinha dado um beijo negro. Mas felizmente o financiamento que obteve por desinfectar a cabeça do bancário da vila, que tinha sofrido uma mordedura de uma víbora quando olhava para a tratadora de cobras do circo; propiciou-lhe uma prosperidade inesperada.
E assim pôs de parte a ideia de ser modelo ao natural na escola de belas artes do Porto ou químico cerebral que reabilitaria a urina.

Voltando ás celebrações pascais; o Aires ficou aborrecido, o Padre não quis beber nada, nem uma poncha.


Que falta de respeito pela tradição, pensou Aires.

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