terça-feira, outubro 18, 2005

Gestão de Fogos a La "The Sim's"

Grande Reportagem: Gestão de fogos a La “The Sim´s”

O país ardeu. Queimadas de há 15 ou menos anos voltaram a arder, por mão de criminosos desempregados e loucos, por mão de um churrasco de picanha, por mão do lançador de foguetes – que é o herói da freguesia, um braço a menos ou a própria morte são tratadas como um copo de vinho em penalty. A floresta que não ardeu, confinada a alguns arbustos deveria ser alvo de uma consagração especial: a ordem de torre e espada, ou da liberdade…

A novidade não é nenhuma, todo o verão e excepcionalmente na primavera o país arde, e no interior desertificado, povoado de pensionistas e cada vez mais despovoado de gente activa, vê nos bombeiros a sua única salvação.

A solução para apagar um fogo, é juntar-lhe água, e força braçal, muitas mangueiras de água, expelindo veneno aquífero como uma cobra, muita força braçal, serra acima e serra abaixo.

Mas agora um novo sistema promete revolucionar o combate e gestão de fogos, apenas com um simples click no rato. O projecto que se encontra a ser desenvolvido em laboratórios governamentais pode ser confundido com o jogo “The Sim´s”, mas não haja confusão, o conceito é quase o mesmo só que aplicado à realidade portuguesa sem rescaldo.

A ideia presente no “The Sim´s”, é gerir uma casa, alimentar pessoas, ser bom vizinho, fazer meninos, viver numa felicidade brutal. O investigadores governamentais decidiram aplicar o conceito com algumas alterações, agora, temos que gerir um país numa quase fusão termo nuclear, a partir de vários quartéis de bombeiros localizados de norte a sul de Portugal continental, mas não é só, é necessário gerir populações combatendo fogos por sua conta e risco, com furor combativo e um medo histérico de perder tudo; é necessário gerir ainda as acções da GNR, da protecção civil – e evitar que o presidente da câmara preste declarações à comunicação social – ; a televisão, também presente, não perdoa um bom incêndio, e instala-se a assistir no estúdio o retrocesso nacional.

Por enquanto ainda não sabemos se os incendiários satânicos vão ser incluídos nesta lista de personagens, por duas razões, a pena de morte foi abolida, e os mesmos não podem ser carbonizados pelo fogo que atearam; como são sempre libertados pela polícia judiciária, é irracional prende-los, dessa maneira é possível fazer o jogo menos pesado, aplicando aos incendiários um véu quase divino, quase fantasmagórico.

Mas o jogo tem ainda outras valências, se por acaso um fogo se descontrola é possível receber auxílio de outros países da EU. Existe ainda uma aplicação, em caso de uma total catástrofe: aparecerá no monitor, uma declaração do presidente da república e outra do governo, com o discurso oficial.

Quanto à promoção deste jogo, o mesmo estará à disposição em três formatos: o formato profissional, para todos os bombeiros, protecção civil, aviação, forças policiais, autarcas, ministros e órgãos governamentais; a segunda versão, formato público, estará à disposição do público em geral, a terceira versão, mais simplificada, estará apta para as crianças.

Segundo os peritos dos laboratórios, este jogo revolucionário deverá ser a arma final para exterminar os incêndios, e o último grito na tecnologia anti – pirómana, dando aos bombeiros a solução final para debelar os fogos; espera-se proximamente, em futuras versões que o jogo se torne tão sofisticado que a partir da sala de comando dos bombeiros seja possível extinguir os fogos, sem sair um único carro, e até ministros de férias na Tanzânia o poderão fazer enquanto observam babuínos que remexem as bagagens do jipe – isto é quando não houver mais nenhuma floresta, podemos salvar uma virtualmente, e com a hipótese de ser apenas um jogo…


Searaman & Blinkboy

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