Os portugueses são ingratos.
Se não concordam connosco, então como classificam o boicote actual a esse monstro sagrado do humor nacional e entertainer de seu nome Herman José?
Seria de esperar que após três décadas a fazer rir o pais, lutando contra os poderes instituídos, a quebrar barreiras, a dar alegrias e a estimular o país, os portugueses soubessem reconhecer Herman José como um dos mais importantes portugueses do último século (70° lugar no concurso Grandes Portugueses é ridículo) e lhe soubessem dar espaço de manobra para as suas veleidades. Mas não.
E as culpadas não são as audiências.
Com o boom humorístico iniciado pelo programa Levanta-te e Ri e a sua horda de novos valores no domínio do humor, os portugueses viram-se contra a mão que os alimentou durante anos e anos a fio sem razão aparente.
Apesar dos novos humoristas assumirem abertamente as influências de Herman José no seu humor, e até de já terem trabalhado para ele e dizer que são de outro campeonato, os portugueses insistem em boicotar tudo o que sai da fábrica do humorista em detrimento dos novos valores, tentando ao máximo levá-lo ao descrédito. Com críticas ferozes e bem colocadas por diversos meios da comunicação social, actualmente estão a conseguir.
Não queremos de modo algum dizer que os novos valores não tenham qualidade, muito pelo contrário, por exemplo, quem acompanha os Gato Fedorento desde o programa O Perfeito Anormal já assistiu a momentos verdadeiramente geniais.
Mas analisemos:
Maximiana, José Esteves, Tony Silva, Serafim Saudade, Felipa Vácondeus, menino Nélito, Artur Royal, Màricarmen, Hooligan To, Felisberto Desgraçado, Joe Fagundes, Laurio Dérmio, Mike e Melga, Diácono Remédios, O Sr. Engenheiro do Norte, Super Tia, Dra. Rute Remédios, Nelo e Idália entre muitos outros.
O Tal Canal, Hermanias, Humor de Perdição, Casino Royal, Herman Zap, Boião de Cultura, Herman Enciclopédia, Herman 98 e 99, Herman Sic e Hora H, entre outros!
1,2,3, Roda da Sorte, Com a Verdade M’enganas, Parabéns, entre outros!
Nicolau Breyner, Artur Semedo, João Lagarto, Rosa Lobato Faria, Virgílio Castelo, Ana Bola, Maria Vieira, José Pedro Gomes, Maria Rueff, Joaquim Monchique, Miguel Guilherme, Lídia Franco, Cristina Cavalinhos, Vítor de Sousa, entre outros!
“ Sr. Feliz, Sr. Contente”, “Vamos lá Cambada!”, “Serafim Saudade”, Saca o saca-rolhas”, Canção do Beijinho”, “A Cor do teu Baton”, “Super-Homem Português”, “Não é Fácil ser Cantor”, “Es tão Boa”, entre outros!
Pois. Exactamente. Estão a ver alguém que daqui a três décadas se possa gabar de tal percurso? Se pensaram em Ricardo Araújo Pereira daqui a 2 anos falamos.
Actor, humorista, escritor, guionista, Luctor de rádio, cantor, apresentador e entertainer.
Não encontrarão ninguém neste país que não saiba uma expressão de uma das inúmeras personagens do mestre.
"Dê-me a paprica", “Eu é mais bolos”, “Espondilose? É a patroa da menina…”, Pelo sim, pelo não tomei banho”, "Bamos lá Cambada", “mais um bocadinho de pomada!", "Ó senhora Dona Palmira!!!",” Lá na Merdaleja…”, “Lét's looka étatraila ande parleite again”, “And so on and so on”, "O artista é um bom artista, não havia nechexidade…", “ Este homem não é do norte carago!”, "Certo? Ceeerto.", "Caturreira!!", "Então vá", "Quer levar um estalo?", “resmas! Resmas de gajas atrás de mim, e vai-me calhar esta...“, “Nunca engravidei ninguém!” são alguns exemplos.
Ainda não viu onde está a hipocrisia neste panorama?
Acreditamos realmente que o humorista só terá o devido reconhecimento aquando da sua imigração para a Alemanha e Estados Unidos onde gozará de uma bela e merecidissima reforma, ou em caso de alguma desgraça, onde os seus críticos virão às televisões dizer o quanto gostavam dele.
Se Herman José tivesse nascido nos Estados Unidos, teria hoje reconhecimento e estatuto mundial ao nível de um Jerry Seindfeld ou de um Jay Lenno.
Em Portugal desprezam-no.
Se o saudoso Fernando Pessa ainda estivesse entre nós diria: “E esta, hein?!”
20.05.07 Searaman e Blinkboy
2 comentários:
Tens razão no que dizes.
Eu não sou uma acérrima defensora do Herman, mas admito que uso as expressões que referes.
Quanto ao Gato Fedorento, cada vez mais acredito que a graçola do "fraquinho, fraquinho" tem vindo a tornar-se uma realidade.
Enfim, é assim que somos. Indiferentes e resistentes.
Portugal vive do imediatismo. Agora tens os Gato por um lado, e do outro idiotas como os Castelos Brancos do país. Hermam tornou-se velho. E um alvo a abater...Infelizmente, porque concordo interamente convosco, Hermam é o nosso John Cleese ou o Leno.
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